Conversa com Tynke
Se fosse dantes e se eu fosse uma crítica de mim própria, que não sou, mas se eu fosse capaz de ser e se isso servisse para alguma mudança, eu díria que a idade ou qualquer um dos comprimidos, pós, ou vitaminas que ando a tomar me está a tornar delicodoce. Parece que ando a mastigar de um lado para o outro, dentro da boca, um caramelo daqueles de Badajoz, dos bons, dos anos 70. A mudar alguma coisa com o tempo, não era transformar a minha escrita nestes pacotes de açucar, aquilo que eu queria pedir a Deus ou a Caetano Veloso. Queria pedir a voz da Cher, queria pedir mais salero, mais experiências na vida com mulheres tão lindas e a cheirarem tão bem do pipi como cheiravam as Milan.
Os melhores Sábados da minha infância! Aqueles passados nas Galerias Preciados, num corredor de coisas para a escola. Sentada e escondida dos empregados a abrir e a cheirar pacotes de três borrachas Milan: a Azul, a Cor de Rosa e a Verde.
Tudo o que te quero dizer está nas entrelinhas disto que escrevi e é tão forte como os barulhos das turbinas de um Boeing 777 a levantar vôo. Mas eu perdi a mão. Desaprendi de escrever. Onde estás tu, amor meu?